Ishii no Japão: Relato sobre Tóquio 2020

(English follows Portuguese)

Olá, pessoal! Tudo bem?

As Olimpíadas de Tóquio, infelizmente, chegaram ao fim. Incrível como o tempo voa quando a gente se diverte, né!? Então, começarei a contar como foi minha experiência de voluntário por lá. Acredito que em dois posts eu consiga resumir bem tudo o que aconteceu por lá.

Como eu expliquei em duas publicações anteriores (aqui e aqui) fui alocado na Esgrima, esporte em que ajudei também na Rio 2016. Acredito que o fato de ter feito boas amizades na época, aliado a um trabalho bem feito e comprometimento, auxiliaram-me a conseguir ter sido escolhido. Aliás, como foi dito durante a cerimônia de encerramento, no Sportv, apenas 110 voluntários estrangeiros residentes fora do Japão foram permitidos a entrarem no país e ajudarem nas Olimpíadas. Acredito que eu tenha sido o único brasileiro voluntário do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio. Bem bacana, não!?

Minha aventura começou numa sexta-feira de tarde quando embarquei rumo à Tóquio. A primeira parada foi na França, no aeroporto Charles DeGaulle. A viagem foi bem tranquila e sem percalços. Na minha chegada a capital do Japão, todos os passageiros que participariam dos Jogos Olímpicos foram os últimos a desembarcarem.

Vale destacar que as fronteiras do Japão estão fechadas para turistas estrangeiros. Só quem é japonês, estrangeiro com visto permanente e, no meu caso, pessoas credenciadas (atletas, comissões, jornalistas, patrocinadores e voluntários) para trabalhar nos Jogos estão habilitadas a entrar no país. Quem não estiver em nenhuma dessas especificações NÃO entra no Japão por enquanto. Não adianta espernear como a namorada do Medina fez. Sem o Pre Valid Card em mãos, sem permissão para entrar.

Ao desembarcar, todo o pessoal relacionado aos Jogos fora colocado em uma fila para a realização de teste PCR (nesse caso o de saliva) e a verificação de documentos obrigatórios para a entrada no país, como a certificação de resultado negativo de covid com 72 horas antes da chegada e o uso do aplicativo OCHA, ambos obrigatórios. Depois de 12 horas viajando e pouco mais de 1 hora na fila, realizei o teste PCR e fui para uma sala, juntamente com os demais passageiros, para aguardar o resultado e sermos liberados para a imigração e a retirada das bagagens.

Outro ponto que vale a pena ser destacado: Todo mundo relacionado aos Jogos foi testado durante o evento. No meu caso, como minha função era estar perto dos atletas, eu fui testado todos os dias durante minha estadia no Japão. Foram em torno de 18 testes, todos PCR Saliva e, ainda bem, todos negativos.

Ao ter o resultado negativo, recebi um documento comprovando e fui para a imigração. Tudo ocorreu da forma mais tranquila possível e ainda obtive um visto de reentrada válido por três meses. Quando retirei minha bagagem, sai do aeroporto de Narita e procurei um veículo que o Comitê Organizador dos Jogos tinha reservado e pago até o hotel.

Como minha entrada no Japão foi permitida durante a pandemia, eu tive que seguir regras durante toda a minha estadia e, por conta disso, o Comitê Organizador dos Jogos pagou a minha hospedagem ( e de todos os estrangeiros alocados na Esgrima) durante a nossa estadia.

Vale ressaltar que isso foi algo excepcional, por conta da pandemia! Quem tiver interesse em ser voluntário dos Jogos de Paris 2024 saiba que terá que pagar do próprio bolso a passagem de avião e hospedagem.

Ao chegar no hotel, que fica a menos de 5 minutos do Makuhari Messe Hall, todo mundo teve que realizar a quarentena de 3 dias. só podendo ir ao lobby para buscar a comida. Foram 72 horas bem chatas, mas foram necessárias e entendemos as medidas de precaução.

Após o terceiro dia, fomos liberados para ir até a arena e começar o trabalho. No primeiro dia, além de pegar a credencial e os uniformes, conhecemos o Makuhari Messe Hall. A arena é muito grande e bem espaçosa e teria sido bem legal vê-la cheia de torcedores.

No decorrer das competições de esgrima, só éramos permitidos de sair do hotel e ir para arena e vice-versa. Em alguns dias, no entanto, fui ao mercado/loja de conveniência para comprar comida. Tínhamos alimentação no Makuhari, sendo almoço ou jantar, dependendo do turno, e o café da manhã no hotel. No entanto, era necessário comprar um pouco de comida quando estávamos no quarto.

Além da troca de pins (o que amo fazer) e assistir aos combates dos esgrimistas, os dias lá no Makuhari eram basicamente os mesmos. Fiquei alocado na área de aquecimento e tinha, juntamente com a equipe, deixar sempre organizado, repondo bebidas e toalhas; limpando e, em alguns momentos, chamando os atletas para a área final antes do combate.

Amizade que começou em 2016 e se fortaleceu em Tóquio. Let´s go to the breakfast, Liga?

Pode parecer uma rotina chata, mas foi bem legal. Tive a oportunidade de rever amizades feitas na Rio 2016 que se fortaleceram em Tóquio. Além disso, conheci novas pessoas como a Tatia que foi a primeira voluntária na história do seu país, a Geórgia, a trabalhar nas Olimpíadas.

E a querida amiga Jiawen, que foi a primeira pessoa que conheci no processo para sermos voluntários em Tóquio e que estava muito ansiosa para isso. Ainda bem que pude ajudá-la a ir para esgrima e ter feito a experiência dela nos Jogos ter sido tão boa quanto a minha.

E por hoje é só! Acho que consegui resumir bem como foram meus dias como voluntário na esgrima nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Uma experiência muito gratificante, única e que levarei para toda minha vida!

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Hello my friends! How are you?

The Tokyo Olympics have unfortunately come to an end. Amazing how time flies when we have fun, right!? So, I’ll start telling you about my experience as a volunteer there. I believe that in two posts I can summarize everything that happened there.

As I explained in two previous publications (here and here) I was assigned to Fencing, a sport in which I also helped at Rio 2016. I believe the fact that I made good friends at the time, combined with a job well done and commitment, helped me to succeed in being chosen.

In fact, it was said during the closing ceremony, on Sportv (brazillian sport channel news), only 110 foreign volunteers residing outside of Japan were allowed to enter the country and help in the Olympics. I believe I was the only Brazilian volunteer on the Tokyo Games Organizing Committee. Pretty cool, isn’t it!?

My adventure started on a Friday afternoon when I boarded for Tokyo. The first stop was in France, at Charles DeGaulle airport. The trip was very smooth and without any hitches. Upon my arrival in the capital of Japan, all passengers who would participate in the Olympic Games were the last to disembark.

It is worth noting that Japan’s borders are closed to foreign tourists. Only Japanese people, foreigners with a permanent visa and, in my case, people accredited (athletes, commissions, journalists, sponsors and volunteers) to work at the Games are authorized to enter the country. Anyone not meeting any of these specifications DOES NOT enter Japan yet. No use kicking as Medina’s girlfriend did. No Pre Valid Card in hand, no permission to enter.

Upon disembarking, all personnel related to the Games were placed in a queue to undergo a PCR test (in this case the saliva test) and the verification of mandatory documents for entry into the country, such as the negative covid result certification with 72 hours prior to arrival and use of the OCHA app, both mandatory. After 12 hours traveling and just over 1 hour in line, I performed the PCR test and went to a room, together with the other passengers, to wait for the result and be released for immigration and baggage collection.

Another point worth highlighting: Everyone related to the Games was tested during the event. In my case, as my function was to be close to the athletes, I was tested every day during my stay in Japan. There were around 18 tests, all PCR Saliva and, thankfully, all negative.

When the result was negative, I received a document confirming it and went to immigration. Everything went as smoothly as possible and I still got a three-month re-entry visa. When I collected my luggage, I left Narita airport and looked for a vehicle that the Games Organizing Committee had booked and paid for to the hotel.

As my entry into Japan was allowed during the pandemic, I had to follow rules throughout my stay and, because of that, the Games Organizing Committee paid for my accommodation (and all foreigners allocated to Fencing) during our stay.

It is noteworthy that this was something exceptional, due to the pandemic! Anyone interested in volunteering for the Paris 2024 Games should know that they will have to pay for their plane ticket and accommodation.

Upon arriving at the hotel, which is less than 5 minutes from Makuhari Messe Hall, everyone had to perform the 3-day quarantine. you can only go to the lobby to get the food. It was pretty boring 72 hours, but it was necessary and we understand the precautionary measures.

After the third day, we were released to go to the arena and begin work. On the first day, in addition to getting the credential and uniforms, we visited Makuhari Messe Hall. The arena is very big and very spacious and it would have been really nice to see it full of fans.

During fencing competitions, we were only allowed to leave the hotel and go to the arena and vice versa. In a few days, however, I went to the grocery/convenience store to buy food. We had food at Makuhari, with lunch or dinner, depending on the shift, and breakfast at the hotel. However, it was necessary to buy some food when we were in the room.

Aside from exchanging pins (which I love to do) and watching the fencers fight, the days at Makuhari were basically the same. I was allocated in the heating area and had, together with the team, always keep it organized, replacing drinks and towels; clearing and, at times, calling the athletes to the final area before the bout.

It may seem like a boring routine, but it was pretty cool. I had the opportunity to review friendships made at Rio 2016 that were strengthened in Tokyo. Also, I met new people like Tatia who was the first volunteer in the history of her country, Georgia, to work in the Olympics.

And dear friend Jiawen, who was the first person I met in the process of volunteering in Tokyo and who was very much looking forward to it. Glad I was able to help her go into fencing and have made her experience at the Games as good as mine.

That’s it for today! I think I was able to sum up well how my days were as a fencing volunteer at the Tokyo 2020 Olympic Games. A very rewarding, unique experience that I will take with me for a lifetime!

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